domingo, 17 de maio de 2015

ANTÓNIO GIL: ARTIGO DE OPINIÃO...

Pouca gente assume neste país, como eu assumo, a origem camponesa. É um facto que nem merece discussão, constata-se diariamente. Gente com sotaque aqui das beiras, pretende-se cosmopolita e mal fala o português. As rádios regionais são um bom exemplo disso. Entregues a gente fiel aos poderes locais, perpetuam o estereótipo do beirão que diz o "x" em vez do "s", o "b" em vez do "v". Não é crime, decerto, o crime é a cagança com que adoptam os anglicismos e os galicismos sem terem a mínima noção de como pronunciar as palavras e nomes ingleses, franceses ou outros. 
Mais valia pronunciarem em português regional, sem tentarem adaptar outras línguas às variações locais: aí eu nem me pronunciaria.
Isto magoa-me sem ser em causa própria nem sequer familiar ou de amigos reais porque há muita gente com talento radiofónico que é preterida por razões políticas.
A malta masculina das estações regionais aqui da zona é do piorio; substituem o profissionalismo radiofónico por tiques e vozes pretensiosas. Gravemente mal treinadas, com sotaque invariavelmente seminarista. Que saudades da Rádio Escala, ou da Rádio Noar, tão mais cultas e informadas social e musicalmente.
in António Gil (escritor)